Ana Maria Caracoche
Natural de Mercedes, cidade de Buenos Aires, na Argentina, foi presa e torturada pela Ditadura Militar Argentina em 1976 e teve 2 de seus filhos, ainda bebês, sequestrados pelo sistema e acabou exiliada no Brasil em 1980, mais especificamente no Estado do Espírito Santo.
Seus filhos Maria Eugenia e Felipe foram sequestrados quando tinham, respectivamente, 1 ano e 4 meses.
Em Vitória, Ana Maria, seu esposo Oscar Gatica e a sua filha Maria Paz, na época com 4 meses, foram acolhidos pelo Arcebispo Dom João Batista da Motta e Albuquerque e o Bispo Auxiliar Dom Luiz Gonzaga Fernandes.
Em 1981 nasce o seu filho Juan Manuel e assim a família se fortalece na busca e na militância pela vida, pela liberdade e pela dignidade humana. Com o apoio dos amigos brasileiros e da Associação das Avós da Praça de Maio (na Argentina), a luta continuou e a restituição de seus filhos efetivada em 1984 e 1985, já com 8 e 9 anos, a sua legitima família Gatica Caracoche.
Como militante no Centro de Defesa dos Direitos Humanos da Serra sua maior preocupação sempre foi a de formação de lideranças populares para a efetivação de uma política de garantia de cidadania em sua totalidade: proporcionando “Direitos para Todas e Todos”.
Durante toda sua vida enfrentou o desafio de construir uma Cultura de respeito à vida e à dignidade humana, que lhe foi proporcionado ao ingressar na Secretaria de Estado da Justiça, em 1996, quando teve a oportunidade de efetivar ações por meio de projetos e programas que beneficiassem as pessoas privadas de liberdade.
Desenvolveu vários projetos levando sua militância ao espaço do Estado em defesa da vida, cuja bandeira foi levantada para a diminuição da violência no quesito homicídios no Espírito Santo e assim alimentou o Banco de dados do Movimento Nacional de Direitos Humanos, que serviu para análise e proposição de políticas de segurança pública.
Como Secretária do Conselho Estadual de Direitos Humanos, organizou Seminários de Estudo da Lei contra a Tortura para servidores do Sistema Prisional, estudantes e sociedade civil.
Na Coordenação do Núcleo de Direitos Humanos, efetivou o funcionamento do Balcão da Cidadania, que tinha com objetivo oferecer orientação e encaminhar os cidadãos que solicitavam a efetivação de seus Direitos pelo Estado. Este projeto inovador lhe proporcionou o reconhecimento e de sua equipe, com a Menção especial do Prêmio INOVES, em 2005, pela qualidade e quantidade de atendimentos e as articulações com as instituições públicas e privadas de atendimento ao cidadão.
Coordenou o Grupo Interconfessional, organizando o atendimento sócio espiritual aos encarcerados em todas as Unidades Prisionais do Estado.
À frente do Programa de Melhorias na gestão Penitenciária desenvolveu juntamente com a equipe técnica da Secretaria de Estado da Justiça, um dos projetos mais audaciosos num tratamento Humanizado para pessoas privadas de liberdade, baseado no cumprimento da Lei de Execuções Penais (LEP) e na Declaração Universal dos Direitos Humanos, que parecia uma utopia.
O Programa conseguiu implantar e implementar uma cultura de Direitos Humanos em todas as frentes do Sistema Prisional:
Com o atendimento às famílias, a sociedade e os servidores, que formados na Escola Penitenciaria, adquiriram um novo olhar sobre os presos, com quebra de paradigmas e de preconceitos.
Com o Projeto “SEJUS ITINERANTE” que tinha como objetivo a orientação de Gestores e servidores para a implementação da Política de Humanização com visitas programadas, cumpriu a sua missão de fortalecer as mudanças no comportamento e no entendimento do objetivo fundamental e necessário da Humanização.
Como resultado dessa ação, em 10 de dezembro de 2013, instituiu-se o PRÊMIO HUMANIZA para Projetos, servidores e Gestores que se destacam pelo tratamento Humanizado na sua cotidianidade no Sistema Penitenciário.
Após de 19 anos de serviço público, em abril de 2015, decide se aposentar e atualmente se dedicar com mais afinco como membro do Centro de Defesa dos Direitos Humanos da Serra, contribuindo no grupo de formação e de projetos.
Por fim, tem certeza de ter semeado valores éticos de justiça e de esperança em mudanças possíveis baseadas na DEMOCRACIA, NO RESPEITO À DIGNIDADE HUMANA, NO COMBATE A TODO TIPO DE VIOLÊNCIA para construir UMA PÁTRIA, COM JUSTIÇA SOCIAL, INDEPENDÊNCIA ECONÔMICA E SOBERANIA POLÍTICA.