Biografia Dom Luis Gonzada Fernandes

  PEQUENO PERFIL DE UM POTIGUAR CAPIXABA

DOM LUIS GONZAGA FERNANDES nasceu em 24/08/1926, na Fazenda Milhã, distrito de Vitória de Santo Antônio, município de Pau dos Ferros, Rio Grande do Norte. Batizado em Vitória de Santo Antônio, foram seus padrinhos os tios paternos Francisco Fernandes de Oliveira e Maria Fernandes de Oliveira (D. Marieta do Bom Jardim). Padrinho de Crisma foi Francisco Dantas.

Segundo filho sobrevivente do casal João Baptista Fernandes e Ubaldina Fernandes da Silveira, Dom Luis foi um vulto relevante do episcopado nacional, escolhido em 1965, aos 39 anos, pelo Papa Paulo VI, para auxiliar o Arcebispo da Arquidiocese de Vitória do Espírito Santo, D. João Baptista da Motta e Albuquerque. Foi nomeado Bispo Diocesano de Campina Grande/PB, em 1981, deixando, na Arquidiocese à qual antes servira, marcos indeléveis de sua passagem.

Tendo cursado Humanidades e Filosofia no Seminário da Paraíba, ordenou-se sacerdote, em Roma, em oito de dezembro de 1950, depois de concluir o curso de Teologia na Universidade Gregoriana de Roma, onde foi considerado um dos melhores e mais brilhantes alunos que, até então, haviam passado por aquela Universidade. Durante sua estadia em Roma, residiu no Pontifício Colégio Pio Brasileiro. Ao regressar ao Brasil, Dom Moisés Vieira Coelho, Arcebispo da Paraíba, nomeou-o Reitor do velho Seminário Arquidiocesano, onde fora aluno; e lá permaneceu, como reitor, de 1955 a 1965.

Duas coincidências, na vida de Dom Luis: (A) Saiu de Vitória (de Santo Antônio) para Vitória (do Espírito Santo). (B) O seminário da Paraíba era localizado no Convento de São Francisco, em João Pessoa. Em Vitória/ES, residiu no alto da colina do ex-Convento de São Francisco.

Em cinco de dezembro de 1965, por ocasião do encerramento do Concílio Vaticano II, em Roma, em solene concelebração, com a presença de grande parte do Episcopado brasileiro e de alguns bispos de outros países da América Latina, o Padre Luis foi sagrado bispo e enviado, como Bispo Auxiliar, a Vitória/ES, onde permaneceu durante 15 anos. De 1981 a 2001, foi Bispo Titular da Diocese de Campina Grande/PB. Sua morte, a quatro de abril de 2003, deixou enorme lacuna na igreja progressista, que crescia a passos largos, com a doutrina da renovação e da esperança, na fidelidade aos ensinamentos de seu Mestre Jesus. Em Vitória, como em Campina Grande, existem e resistem marcos indeléveis da atuação de Dom Luis. Em uma de suas últimas entrevistas, Dom Luis confessou que acreditava que os seus sonhos de uma nova Igreja para o Brasil e a América Latina não tinham sido em vão; e que, ainda que a opção preferencial pelos pobres parecesse ter sido relegada a segundo plano, ela permanecia viva e vigorosa em inúmeras Comunidades Eclesiais de Base, espalhadas pelos rincões do Brasil e da Pátria Grande América Latina, como sinal da fidelidade das Igrejas deste continente aos ensinamentos de Jesus. É bem verdade, dizia ele, que - em muitos casos - como já falava o Padre Manoel Bernardes- "os padres que, a princípio eram de ouro e os cálices de pau, deram lugar a padres de pau e cálices de ouro"; mas é verdade também, continuava Dom Luis, "que muitos padres ainda continuam fieis, feito bons samaritanos, ao lado do povo sofrido, curando-lhe as feridas, infundindo-lhe coragem e esperança e ajudando-o a ter voz e vez".

Como intelectual, Dom Luis foi jornalista, escritor e orador, que sempre se esmerou pela beleza do estilo e a pureza da linguagem. Deixou alguns milhares de artigos publicados em jornais de João Pessoa, Vitória e Campina Grande; nesta última cidade, está sendo feita cuidadosa triagem dos escritos de Dom Luis, a serem publicados em breve. Dom Luis não gostava de publicar livros, afirmando que seu prazer ao escrever consistia em registrar nos jornais sua visão do dia e do mundo. Antes de ser Bispo foi professor fundador da Universidade Federal da Paraíba, onde se distinguiu como titular de disciplinas na área de filosofia. A morte de Dom Luis, atingido por câncer no pulmão, deixou uma saudade imensa em todos aqueles que tiveram a sorte feliz de conhecê-lo e de conviver com ele. Em breve, em Campina Grande, será inaugurado um grande Hospital Regional de Urgência e Emergência, que já tem o nome de Dom Luis no frontispício.

[Extraído de um depoimento do Dr. João Bosco Fernandes, irmão de D. Luis.]