DOM ALDO GERNA, BISPO DE SÃO MATEUS Ano 2006 – 2ª Edição

Dom Aldo nasceu em Arigna, município de Ponte in Valtellina, Província de Sondrio, Região de Lombardia, Itália, aos 7 de maio de 1931. Fez sua profissão religiosa na congregação dos Missionários Combonianos no dia 9 de setembro de 1950. Foi ordenado sacerdote na Catedral de São João de Latrão em Roma, a "Catedral do Papa", em 22 de dezembro de 1956. Chegou ao Brasil em 27 de novembro de 1957, apresentando-se a serviço da Diocese do Espírito Santo em 9 de dezembro do mesmo ano, com o objetivo de trabalhar na Diocese de São Mateus, criada logo depois, no Norte do Espírito Santo, considerada região de missão. De Vitória viajou de ônibus para São Mateus, tendo passado no Seminário dos Combonianos em Ibiraçu e de lá por Jaguaré, que à época tinha cerca de quatro casas, tomando conhecimento desde o início da precariedade da vida e pobreza da população e da região.

Na Diocese de São Mateus, criada em 16 de fevereiro de 1958 e instalada no dia 20 de setembro de 1959, ainda padre, Aldo Gerna foi secretário do bispo Dom José Dalvit, por sete anos. Nesse período, inspirado pela Doutrina Social da Igreja, o padre Aldo acompanhou o processo de ocupação e expansão da região Norte do Estado, as lutas e dificuldades da população, a ausência de políticas públicas e as desigualdades sociais. Os primeiros cinco anos, junto com outros dois padres, viajou incansavelmente, quase sempre a cavalo, levando o conforto espiritual e a palavra do Evangelho, em ação missionária e estimulando os fiéis, na busca de uma melhor qualidade de vida. Enfrentou, no trabalho, muitas dificuldades, desde doenças, como a malária, até questões de natureza política na defesa dos direitos fundamentais da população. Nesse período passou um ano de estudos em Roma, quando vivenciou o clima do Concílio Vaticano II, o que marcou vivamente sua vida e sua ação pastoral.

No seu retorno à Diocese de São Mateus intensificou sua presença junto às pequenas comunidades de fé e afirmava que considerava sua obra mais importante o esforço por introduzir na Diocese de São Mateus, com um toque forte de preocupação com a questão social, as diretrizes e deliberações do Concílio Vaticano II. E assim, em interação com a Arquidiocese de Vitória, floresceram, com força, na Diocese de São Mateus, as Comunidades Eclesiais de Base (CEBs).

Por motivos de saúde, Dom José Dalvit renunciou ao cargo em 20 de junho de 1970. E em 24 de maio de 1971, o Papa Paulo VI nomeou Dom Aldo Gerna como Bispo de São Mateus. Dom Aldo foi sagrado bispo em solenidade presidida por Dom João Batista da Mota e Albuquerque, em 1º de agosto de 1971.

Dom Aldo afirma que teve dois importantes mestres de vida e ação pastoral: Dom João Batista da Mota e Albuquerque e Dom Luis Gonzaga Fernandes, que foram, respectivamente, arcebispo e bispo auxiliar da Arquidiocese de Vitória-ES.

Dom Aldo naturalizou-se brasileiro no dia 8 de setembro de 1976.

Dom Aldo Gerna integra aquele grupo de bispos que deram nova face à Igreja capixaba, brasileira e latino-americana. Desde o início do cumprimento de seu múnus pastoral, firmou compromisso de fé e de vida com a libertação do povo de Deus. Libertação: porque se trata de romper grilhões que escravizam, suprimir abismos que impedem o povo de ser gente, construir pontes que, antes de levar ao Céu, garantam ao povo de Deus dignidade, reconhecimento, esperança. É fácil assumir uma empreitada dessas no plano meramente teórico. Difícil é abraçar essa causa, no cotidiano, com todas as conseqüências do enfrentamento em face de pessoas, instituições e circunstâncias que se opõem ao projeto libertador. Foi essa dedicação de cada dia, sem medir conseqüências pessoais aflitivas, que sempre marcou os passos e os vôos de Dom Aldo Gerna.