ISABEL APARECIDA BORGES DA SILVA Ano 2012 – 8ª Edição

Isabel Aparecida Borges da Silva é natural de Belo Horizonte, Minas Gerais , nascida no dia 12 de junho de 1944. Morou também no Rio de Janeiro e em São Paulo. É mãe de quatro filhos – Ronald Roberto (piloto), Kátia Maria (professora), Antonio Augusto (Administrador) e Ana Carolina (Médica Nuclear). É avó de cinco netos. Mudou-se para o Espírito Santo ha 33 anos. Foi morar em Vila Velha e passou a participar da Comunidade do Perpétuo Socorro em Vila Velha e a se engajar nas Comunidades Eclesiais de Base (Cebs). Mas sentiu que a missão era maior.

Isabel integrou-se à Pastoral Carcerária que tem como principio “anunciar o Evangelho de Jesus Cristo às pessoas privadas de liberdade e zelar para que os direitos e a dignidade humana sejam garantidos no sistema prisional”. Sobre o significado e a importância do trabalho dos que lutam pelos direitos dos encarcerados na Pastoral Carcerária, assim escreveu o jurista João Baptista Herkenhoff no artigo “Três Aplausos”, publicado no Jornal A Gazeta de 06/08/2011: “ Seus militantes – católicos, protestantes, espíritas, seguidores de diferentes troncos religiosos, homens e mulheres de boa vontade – visitam os presos, testemunham seu sofrimento, solidarizam-se com suas angústias, agem para minorar a dimensão do problema, denunciam e protestam quando a fidelidade à causa exige a denúncia e a indignação. A solidariedade para com o preso tem seu fundamento no Evangelho de Jesus Cristo ”Estive preso e me visitaste”. (Mateus, capítulo 25, versículo 36). Aplaudo a Pastoral Carcerária”.

Isabel dedicou-se a esta Pastoral Carcerária e à defesa dos direitos humanos por 25 anos, iniciando seus trabalhos como agente, posteriormente como Coordenadora daquela área pastoral em Vila Velha e, por fim, como Coordenadora Geral da Pastoral Carcerária da Arquidiocese de Vitória, com representação na Coordenação Nacional. Além de denunciar irregularidades no sistema carcerário, dedicou-se a cuidar das pessoas encarceradas nas prisões capixabas. Trabalhou para uma mudança na forma de agir com os internos, proporcionando-lhes entretenimento, tais como: teatro, poesia, capoeira, futebol e celebrações religiosas. Sua luta em defesa dos encarcerados foi uma luta brava, sem hora para começar ou terminar. Dessas em que se abre mão de tudo, ganhando a admiração e o respeito dos que com ela conviviam e podiam testemunhar o seu trabalho.

Sobre Isabel escreveu o missionário comboniano Pe. Saverio Paolillo (Pe. Xavier), membro da Pastoral Carcerária, em seu artigo “A Vitória da Verdade”: “Como o Bom Pastor, conhecias todos os presos pelo nome. Sacrificaste boa parte do teu tempo para levar o Evangelho nas cadeias. Todo mundo tinha maior respeito por ti. Enfrentaste com coragem policiais truculentos. Denunciaste agentes torturadores. Foste mediadora de inúmeras rebeliões. Salvaste vidas. Tu foste missionária da dignidade humana. Dirigiste o teu olhar misericordioso para quem vivia às margens da sociedade. Anunciaste o perdão. Incentivaste a mudança” Isabel atuou também como conselheira do Conselho Estadual de Direitos Humanos do Espírito Santo. Isabel deixou a pastoral Carcerária , mas não deixou a luta. Atualmente participa da Pastoral da Saúde e da Comunidade Santa Luzia, na Prainha do Ribeiro, em Vila Velha. Em reconhecimento à sua vida comprometida com esta causa, em junho deste ano Isabel Borges recebeu o Prêmio Nacional de Direitos Humanos, promovido pelo Movimento Nacional de Direitos Humanos. A cerimônia de premiação ocorreu na abertura do XVII Encontro Nacional de Direitos Humanos, no município de São Bernardo do Campo, em São Paulo. Um reconhecimento à sua luta em defesa da vida e da dignidade humana. Recebeu ainda este ano a comenda “Ewerton Montenegro Guimarães”, oferecida pela seccional capixaba da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB-ES) aos que se destacam na luta em defesa dos direitos humanos. Em 2010 foi homenageada pela Assembleia Legislativa do Espírito Santo, com o título de cidadã espírito-santense e pela Câmara Municipal de Vila Velha com a medalha Ewerton Montenegro Guimarães de Direitos Humanos.

Sobre sua vida, Isabel, quase aos setenta anos de existência, cita Cora Coralina: "Fiz a escalada da montanha da vida removendo pedras e plantando flores".