Maria Clara da Silva  

Mineira, nasceu no dia 8 de janeiro de 1935, na cidade de Aimorés, no interior de Minas Gerais, mas reside em Vila Velha há mais de 50 anos. Maria Clara da Silva é uma das principais lideranças do Movimento Nacional de Luta por Moradia (MNLM) no Espírito Santo, do qual faz parte desde sua fundação e é sua coordenadora atualmente. Além disso, participou de todos os conselhos de habitação e continua ativa, atuante e líder do movimento, sendo membro do Conselho de Habitação de Vitória.


Participou da criação do Partido dos Trabalhadores (PT) no Estado e entrou no movimento por moradia a partir das comunidades de base da Igreja Católica. Os seus 83 anos de idade e de muita saúde atestam uma história de vida de radical envolvimento com a transformação do mundo e das pessoas, sempre em defesa dos menos favorecidos, em especial dos sem teto.


Em dezembro de 1982, como integrante das Comunidades Eclesiais de Base (CEBs) de Aribiri, sensibilizou-se com ocupantes de uma área de mangue junto ao Rio Aribiri, levando a CEB de Aribiri a também apoiá-los e acolhê-los quando foram despejados do manguezal. Buscou o apoio do arcebispo D. João Batista da Motta e Albuquerque e da Comissão de Justiça e Paz, o que garantiu a doação da área ocupada aos moradores, que mais tarde batizaram o novo bairro com o nome de seu apoiador.


A partir dessa ocupação, em março de 1983, Maria Clara, inspirada na Declaração Universal dos Direitos Humanos, criou um amplo movimento municipal de defesa dos direitos da moradia, o qual mais tarde se tornaria o Movimento de Luta pela Moradia, hoje espalhado por todo o Estado e integrante do MNLM.

Mesmo analfabeta e limitada pela idade, a sabedoria popular, a disposição e o profundo humanismo dessa guerreira contribui fundamentalmente para que ela seja uma das referências desse grande movimento.


Como liderança popular, participou ativamente da organização do Movimento pela Melhoria do Transporte Coletivo de Vila Velha no período de 1977 a 1979. Esse foi um dos movimentos mais significativos na história da cidade.


Maria Clara foi escolhida a personalidade para receber o Prêmio Estadual de Direitos Humanos no ano de 2017, por sua militância na luta por moradia. Ex-presidente do PT em Vila Velha, Maria Clara chegou a ser vereadora de 1989 a 1992, mas afirma que gosta mesmo é de estar na rua, organizando o povo para lutar por seus direitos.