RENATO MORAES DE JESUS Ano 2012 – 8ª Edição

Renato Moraes de Jesus é engenheiro florestal, formado pela Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ, 1975), e doutor em ecologia florestal pela Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP, 2001). Nasceu em sete de agosto de 1951, filho de Ruy Melgaço de Jesus e Rita de Cássia Moraes de Jesus. É casado com a professora Cristina Souza, e tem dois filhos: Lucas (Engenheiro Florestal) e Pedro (Advogado).

Nasceu e se criou no Rio de Janeiro, na Ilha do Governador, onde, à época, predominava a vegetação característica da Mata Atlântica. À frente de sua casa havia uma “misteriosa floresta”, visitada e “explorada” por ele, quando criança, quase que cotidianamente. Via-se sempre vivendo em lugares onde a natureza fosse à intimidade maior. Naquele tempo, filmes e seriados de aventuras nas selvas o levavam ao sonho de poder conviver, um dia, com histórias semelhantes e a sensação era de contemplação e bem estar. Estes sentimentos sempre estiveram presentes na sua vida. Quando ainda cursava o segundo grau, decidiu que seria Engenheiro Florestal e se dedicou aos estudos com afinco, para poder entrar na Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro, distante de sua casa apenas 60 km. Dos tempos universitários, além da convivência com os amigos, tem boas lembranças das aulas de Ecologia Florestal ministradas pelo professor Segadas Viana, que teve uma grande influência na sua formação, especialmente no que se refere à tomada de decisões. Com esse mestre aprendeu a importância de saber identificar e lidar com os problemas ambientais: para cada adversidade deveria haver uma determinada solução. Quando estudante, aproveitava todas as oportunidades de aprendizagem e, nas férias semestrais, estagiou em empresas de reflorestamento, em instituições de pesquisa e até no Campus Avançado da Universidade em Macapá-AP. Seu primeiro emprego, em março de 1976, foi no Projeto RADAMBRASIL do Departamento Nacional de Pesquisas Minerais/Ministério de Minas e Energia: residia em Belém e desenvolvia trabalhos de campo na região do Alto Solimões/Amazônia. Dessa época destaca a importância do conhecimento da Região e da Floresta Amazônica e a aproximação, dentre outros, com o Geógrafo Francisco Carlos Ferreira da Silva e com o Dr. Henrique Pimenta Velloso, grande especialista em vegetação brasileira. Em abril de 1977, ingressou na empresa Florestas Rio Doce S.A, em Belo Horizonte-MG, e em outubro do mesmo ano veio para Linhares-ES, como o responsável pela Reserva Florestal da Companhia Vale do Rio Doce (CVRD), um remanescente de Mata Atlântica com 22.000 hectares. Ali atuou até agosto de 2009.

Na Reserva de Linhares, definiu e implantou uma política de atuação baseada em duas linhas: conservação do patrimônio ecossistêmico e pesquisa. Na primeira, abrigavam-se as atividades indispensáveis à manutenção e conservação do patrimônio florestal. E, na pesquisa, três eram os caminhos a ser seguidos: o conhecimento do ecossistema; as potencialidades das espécies florestais ocorrentes; e a identificação de espécies tropicais com capacidade de adaptação na região. Ao cabo dos primeiros cinco anos da atividade de Renato, a Reserva estava totalmente aceirada e cercada, incêndios já não mais aconteciam e raramente ocorriam casos de invasão da reserva por caçadores. Na área de pesquisa, mais de 60 projetos já haviam sido implantados, abrindo-se as portas para várias instituições de pesquisa nacionais e internacionais, gerando, assim, um fluxo de intercâmbio técnico-científico que prospera e cresce até os dias de hoje. É desse período a criação do Herbário, de extrema importância para o conhecimento da flora ocorrente na Reserva, o que permitiu a classificação de mais de 100 novas espécies, Foram criados, também, o Insetário, a Carpoteca, a Xiloteca, a Coleção de Sementes e vários Laboratórios de Pesquisa.

Atualmente, a Reserva é um dos grandes centros de pesquisa e treinamento de mão de obra em florestas tropicais. Possui extensa rede própria de pesquisa implantada e colabora com várias instituições de pesquisa. Na Reserva realizam-se, também, Cursos de Campo e elaboram-se teses de mestrado e doutorado: dessa forma promove-se, a custos muito razoáveis, um constante aumento no conhecimento dos seus diferentes ecossistemas e criam-se mecanismos que aperfeiçoam a conservação de toda a base genética que ocorre naquela área. Além disso, a Reserva é uma grande disseminadora de germoplasma florestal: já produz cerca de 45 milhões de mudas por ano, envolvendo mais de 800 espécies, o que pode contribuir expressivamente na recuperação de ecossistemas degradados, no estabelecimento de formas de uso racional das propriedades agrícolas, na amenização paisagística e na arborização dos centros urbanos e rodovias.

Renato de Jesus teve atuação destacada, seja como coordenador técnico, seja como consultor de inúmeros projetos; implantou vários programas de recuperação de áreas degradadas e de conservação da biodiversidade; plantou florestas ex-novo e recuperou outras já existentes. Realizou esses trabalhos nas diferentes frentes de atuação da Companhia Vale do Rio Doce, no Brasil e no exterior, e também em parcerias solicitadas pelo Governo Federal, por Governos Estaduais, ou por particulares.

Por sua vida dedicada a proteger, plantar e restaurar florestas, especialmente da Mata Atlântica, e restaurar outras áreas degradadas, em várias regiões do País; pelo seu conhecimento científico e técnico; por sua paixão pelo trabalho; por sua franqueza e simplicidade; pelas centenas de projetos realizados; e pelos excelentes resultados obtidos, Renato de Jesus é reconhecido, estimado e elogiado, no Brasil e no exterior. Seu exemplo alimenta a esperança de que ainda é possível, sim, um futuro venturoso para este nosso sofrido Planeta Terra, e nos dá pistas concretas para que saibamos contribuir para que tal futuro efetivamente se concretize.

“Renato Moraes de Jesus já coordenou o plantio de 92 milhões de mudas e quer chegar à marca dos 100 milhões com o reflorestamento de 100 mil hectares de Mata Atlântica” destaca a Revista National Geographic Brasil, Dezembro de 2011, Edição 141. Em recente depoimento à Comissão do Prêmio Dom Luís, Renato Moraes de Jesus revela: “Há três anos não pertenço mais ao quadro funcional da Vale, mas continuo em plena atividade profissional. Hoje dirijo um projeto que envolve o plantio de 100 mil hectares com espécies de Mata Atlântica, a recuperação de Áreas de Preservação Permanente e a recomposição de uma Reserva Legal. Passados mais de 36 anos da minha formação acadêmica, posso afirmar que não poderia ter ganho presente melhor do que o desfrute do exercício da minha profissão. Aquela imaginação e aqueles devaneios da minha infância foram e vêm sendo cotidianamente materializados. Sinto-me realmente um Engenheiro Florestal, que não só protege e guarda a floresta, mas que luta pela sua utilização racional, pela sua recuperação, pelo estabelecimento de um viver mais harmonioso do homem com a natureza e as suas leis: tudo isso plantando árvores e cuidando das existentes com carinho, amor e paixão”.