REVERENDO JAIME WRIGHT Ano 2007 – 3ª Edição

Terceiro de sete filhos do casal de missionários americanos, Jaime nasceu em Curitiba, Paraná, no dia 12 de julho de 1927.

Na infância perdeu drasticamente dois irmãos, vítimas de afogamento e a irmã caçula, ainda bebê, vítima de disenteria. Estudou no Brasil até sua juventude, concluindo o ensino médio e foi aos Estados Unidos cursar faculdade. Cursou sociologia antes de entrar para o Seminário de Princeton, onde se formou pastor presbiteriano.

Conheceu sua esposa Alma lá; namoraram, casaram e vieram ao Brasil como missionários em 1950. O primeiro campo missionário foi no interior da Bahia, como diretor de uma escola presbiteriana, o Instituto Ponte Nova. Teve cinco filhos. Durante o exercício do seu trabalho missionário, morou em Caetité, no interior da Bahia, numa cidade-satélite de Brasília chamada Sobradinho, em São Paulo e, finalmente, em Vitória (ES).

Na década de 70, o Brasil e a América Latina, em especial o chamado Cone Sul, estavam em ebulição com ditaduras militares, repressão, perseguição e morte aos opositores.

Em 1973, houve forte repressão que resultou na prisão de seu irmão Paulo Stuart Wright, líder do movimento conhecido como Ação Popular. Ele foi torturado até a morte na sede do DOI-CODI, em São Paulo. Nesse momento delicado de sua vida, Jaime encontrou em Dom Paulo Evaristo Arns consolo, apoio e ousadia na procura do paradeiro não só do seu irmão Paulo, mas também de muitos outros que estavam sendo presos e torturados pela ditadura militar. E dessa amizade nasceu um trabalho incansável na luta e defesa dos direitos humanos, que durou mais de 15 anos, numa parceria ecumênica de um pastor presbiteriano e um cardeal católico trabalhando lado a lado.

A parceria ecumênica e de defesa dos direitos humanos, estimulou a criação e sua participação em vários organismos ecumênicos, como a Comissão Justiça e Paz, a Comissão Ecumênica de Serviço (Cese), Clamor, Fundação Samuel, dentre outros.

O projeto mais ousado estava ainda por vir: o levantamento da documentação oficial do Regime Militar no período da repressão, culminando na publicação do livro "Brasil: Nunca Mais", que ficou na listagem dos mais vendidos por 91 semanas consecutivas.

Na última década de sua vida, a contribuição do pastor Jaime foi para a Igreja Presbiteriana Unida do Brasil, onde ele atuou como secretário-geral de 1988 até 1993, quando renunciou ao cargo por razões éticas e de foro íntimo.

Mesmo estando formalmente aposentado nunca deixou de ler os principais jornais e periódicos nacionais e internacionais, de escrever artigos e críticas literárias, de atender os pedidos de consultoria sobre "Brasil: Nunca Mais" e Direitos Humanos.

A sua morte, ocorrida no dia 29 de maio de 1999, deixou um imenso vazio, e, ao mesmo tempo, um sentimento de gratidão por sua vida e seu trabalho. A solidariedade, a justiça e a paz vão fazendo o seu caminho naqueles que não perdem a esperança em um mundo mais justo e acreditam que a solidariedade pode ser um caminho, para que a profecia do salmista Davi se realize, quando diz, no Salmo 85: "O amor e a fidelidade se encontrarão; a justiça e a paz se abraçarão".