Com grande parte de sua vida dedicada ao reflorestamento, Ricardo Sardi nasceu na cidade de Alfredo Chaves, no Espírito Santo, no dia 26 de janeiro de 1937. Filho do agricultor Luis Sardi e Ambrozina de Sousa Sardi, aprendeu desde pequeno a importância da conservação do meio ambiente. Ele não herdou somente a terra de seus pais, mas também o desejo de preservar aquilo que tinha em mãos.

Muito curioso com relação à natureza e amante de tudo que ela oferece, começou sua jornada no replantio na década de 70. O Brasil vivia o “milagre econômico”, o que fez com que muitos agricultores deixassem o interior e migrassem para a cidade. O êxodo rural gerou muitas terras para venda, principalmente para o plantio de eucalipto. Mesmo com diversas propostas, e um cenário propício, Ricardo decidiu que iria fazer diferente: começou a plantar numa época em que a moda era “ir para a cidade grande”.

A persistência em preservar e cultivar a mata nativa da região já lhe deu prejuízo material: já teve parte de sua propriedade e alguns bens incendiados como forma de ameaça. Mas a perseguição e a coação devido ao trabalho ambiental desenvolvido nunca intimidaram ou fizeram com que Ricardo deixasse de acreditar na importância da proteção do que temos de mais importante: a natureza.

Atualmente, o agricultor, já aposentado, possui uma propriedade de cerca de 100 hectares na localidade de Quinto Território, no interior de Alfredo Chaves, sendo que 70% dela é formada por florestas nativas e uma variedade de animais e madeiras nobres, como jequitibá, jatobá, ipê-roxo e casca doce. O lugar também abriga mais de 40 nascentes, cinco cachoeiras e uma diversidade de aves, mamíferos e outros animais pertencentes a florestas nativas.

O apoio recebido do Instituto Capixaba de Pesquisa, Assistência Técnica e Extensão Rural (Incaper) com mudas de plantas nativas contribui para o reflorestamento,  reforçando o trabalho desenvolvido desde a década de 70 e que hoje já conta com mais de cinco mil pés. Ricardo também recebe o apoio do Programa Reflorestar, uma iniciativa do Governo do Estado do Espírito Santo, para recuperar nascentes, além de manter e ampliar a cobertura florestal.

Mesmo com a limitação dos estudos e da idade, o conhecimento adquirido através do seu pai, o convívio com a natureza e o desejo de transmitir todo o aprendizado para gerações futuras fazem com que Ricardo seja hoje um dos maiores protetores e mantenedores de florestas nativas no Estado e grande defensor do meio ambiente.