Rosa Maria Nascimento Miranda

Capixaba nascida em Vitória, Rosa Maria Nascimento Miranda é conhecida por sua luta pelos direitos humanos, com ênfase no trabalho em prol de mulheres e homens negros. Filha de Paulo Joaquim do Nascimento e da senhora Altair Auto do Nascimento, se tornou professora, mas desde cedo era muito curiosa sobre questões relacionadas ao povo negro. Criada no Morro do Forte de São João e cercada por dilemas que envolviam suas raízes africanas, como o racismo e o preconceito, desde cedo sentiu na pele o peso da história de seus antepassados. 

Em 1974 começou sua jornada e envolvimento na defesa dos direitos humanos, fazendo parte das Comunidades Eclesiais de Base (CEBs). Em 1984 iniciou a participação no Centro de Estudos Bíblicos (CEBI). Nesse mesmo período, Rosa participou da organização de uma Comissão de Defesa dos Direitos Humanos, que atenderia à comunidade local que tinha por objetivo defender a valorização da vida. Esta Comissão era formada por membros da igreja católica, líderes comunitários, evangélicos e pessoas que tinham compromisso com a valorização da vida, atuavam recebendo diversas denúncias de violações dos direitos humanos como a prisão de adolescentes com menos de 18 anos em cadeias para adulto, abusos policiais, exploração do trabalho e desapropriação de terrenos, violência contra a mulher, encaminhando-as aos órgãos competentes.

No ano de 1984, o Espírito Santo sediou o IV Encontro Nacional do Movimento de Direitos Humanos, o que impulsionou o trabalho desenvolvido da Comissão de Defesa dos Direitos Humanos. Neste mesmo ano, foi criado em Serra, a partir de uma denúncia recebida pela Comissão, o Centro de Defesa dos Direitos Humanos (CDDH), onde Dona Rosa é parte atuante até os dias de atuais. O estopim para a sua criação foi uma denúncia de trágica morte de duas mulheres durante o trabalho numa fábrica da região.

Anualmente a Campanha da Fraternidade promove campanhas temáticas, de cunho social e litúrgico. Em 1988 a Lei Áurea completava 100 anos, e a Campanha da Fraternidade tinha como tema “Ouvi o clamor deste povo negro” e trazia à tona a história de luta do povo negro. Foi então que Rosa Maria sentiu que tinha o dever de estar mais próxima daquilo gerava indignação nela desde pequena.

Sendo assim, nasce na comunidade onde reside o Grupo de Cultura Afro Kisile, em 1995.  A iniciativa enaltece a cultura afro por meio da valorização da negritude, bem como o seu artesanato, alimentação, religião, entre outras atividades, trabalhando, desta forma, a autoestima e resgate da cidadania dos integrantes da comunidade e proporcionando condições e oportunidades dignas para suas vidas.

Rosa Maria Nascimento Miranda teve sua luta e seu trabalho em prol da justiça social reconhecido pela Assembleia Legislativa do Estado do Espírito Santo, tendo recebido da entidade a Comenda de Honra ao Mérito Arautos da Paz em novembro de 2018.